Um dos maiores patrões da cena britânica neste pedaço de existência, Al Wooton é sinónimo de surpresa constante. Prolífero e com radar em 360 graus, aglutina a solo uma maravilhosa multiplicidade estilística. Entre quadrantes do techno, jungle, dubstep e bass music no geral, as suas produções apelam, acima de tudo, pelo esoterismo que descobre. Numa envolvência de ecos de Jamaica e do psicadelismo de Manchester, a promessa de eterna rave shopped & screwed é certa. Na faceta editorial, tem construído trabalho pela Trule, onde além de disponibilizar os seus próprios discos, chama até si nomes emergentes ou nas franjas há demasiado tempo. Não menos importante será também a participação que tem nos Holy Tongue, ao lado de Susumu Mukai ou da maga Valentina Magaletti, num fino exemplo de exercício de transe.
Esta imensa noção leva Wootton a galáxias obviamente distantes, encontrando interseções onde julgaríamos não existir. Sem zonas de conforto, move-se com destreza, mas genuína curiosidade em redor quer da escuridão, quer do celestial – com tudo aquilo eu se pode encontrar no meio. Com menos parece fazer mais, a economia de recursos é aqui uma opção mais que consciente para atingir um desejado zénite. Os últimos We Have Come To Banish the Darkness e Forest Trilogy rapidamente se transformaram em discos algo essenciais para quem busca os mais intrigantes labirintos da eletrónica abstrata. Causadora de estímulos imediatos, a sua música tem vindo a atrair seguidores e convites para programas de rádio em estações chave como a Balamii ou NTS. Já este ano lançou Lifted from The Earth, nove esculturas sonoras que nos levam a mergulham em cristais líquidos. Em suma, música de gravidade zero, necessária e escapista. Atuação agora tornada realidade em Lisboa e mais do que digna de um testemunho indeclinável. NA