ZDB

Transdisciplinar
segundas na z

Entre o Sonho e a Ficção ~ segundas na z

— de Sofia Pratas Morais

seg30.09.2422:00
Galeria Zé dos Bois


© Sofia Pratas Morais
© Sofia Pratas Morais
© Sofia Pratas Morais

~ segundas na z ~ Encontros e experimentação, todas as segundas-feiras, no terraço, às 22h. Iniciadas por Claudia Lancaster, continuam com Laura Gama Martins.

A jornada criativa da artista Sofia Pratas Morais é marcada por uma busca incessante dum lugar que jamais é alcançado ou encontrado, um espaço que reside na intersecção entre o sonho e a ficção.
Desde o início da sua trajetória, Sofia depara-se com a necessidade de explorar os limites do consciente e do inconsciente. Neste sentido, a sua pesquisa não é apenas um meio de expressão, mas também um veículo de exploração interior.

Ao longo do seu trabalho, desenvolve uma série de obras que parecem emergir de um estado onírico, onde a realidade é moldada conforme os caprichos de uma mente que flutua entre o real e o imaginário. Nestes trabalhos, elementos concretos misturam-se com paisagens surreais, e figuras familiares transformam-se em símbolos de um desejo inatingível. Esta mistura deliberada cria uma sensação de deslocamento, de que algo está sempre fora de alcance, sempre além do horizonte próximo. Um aspecto crucial para compreender o universo artístico de Sofia Pratas Morais é a presença de uma peça sonora latente, que complementa a sua criação visual da autoria de Veredas.

A música, com as suas nuances e ritmos, intensifica a experiência da busca, trazendo uma dimensão auditiva que enriquece a interpretação do público. A peça sonora ecoa o mesmo sentido de incerteza e desejo que caracteriza a sua obra visual, reforçando a ideia de que o lugar que Sofia busca é, simultaneamente, presente e ausente.

A ficção, então, torna-se o palco para esta busca incessante. Através de narrativas visuais e textuais, a artista constrói mundos que, embora fictícios, ressoam com uma autenticidade emocional que desafia a distinção entre o real e o imaginário. Esses mundos são povoados por fragmentos de memórias, sonhos desfeitos e esperanças por vir, cada um contribuindo para a construção de um lugar que é, paradoxalmente, familiar e desconhecido.

Contudo, o que se destaca na sua obra é a frustração intrínseca dessa busca. Cada tentativa de encontrar aquele lugar ideal resulta numa descoberta de que o mesmo não existe senão como uma projeção dos seus próprios anseios e medos. Sofia, portanto, nunca o alcança, pois o que ela procura não é um lugar concreto, mas um reflexo da sua própria subjetividade.
Assim, a trajetória de Sofia pode ser vista como uma metáfora da condição humana, uma ilustração da busca incessante por algo além de nós mesmos, algo que não pode ser definido, capturado ou mantido. A sua obra, enriquecida pelo drone da peça sonora, convida-nos a refletir sobre a natureza da busca, sobre o que significa perseguir um sonho que nunca pode ser concretizado.

Sofia Pratas Morais

Sofia Pratas Morais (Coimbra, Portugal, 1983) utiliza a fotografia como dispositivo de introspecção sobre desconfortos pessoais. Desde 2021 que participa em exposições colectivas. É alumna do Atelier de Lisboa, onde colaborou com os fotógrafos António Júlio Duarte, Pedro Alfacinha, Bruno Pelletier Sequeira, e da Ursel August Art Residency, onde estudou com o fotógrafo Daniel Blaufuks. Em 2022 participou em residência artística com o fotógrafo Jem Southam, com quem continua a colaborar. Em 2024, completou o primeiro ano do Mestrado em Estudos Curatoriais na Universidade de Coimbra, com direcção do fotógrafo e curador José Maçãs de Carvalho. É licenciada em Matemática pela Universidade de Coimbra e Mestre em Engenharia de Software pela Carnegie Mellon University, EUA. Desenvolveu carreira em desenvolvimento de software.

Estefânia r.

Estefânia r. nasceu em Paris, em 1973. Desde 2003, é artista e curadora independente, baseada no Porto. É, frequentemente, convocada como leitora de portfólios e membro de júri em festivais de fotografia contemporânea, quer nacional quer internacionalmente. Desenvolve um trabalho precursor no que respeita à disseminação das práticas fotográficas contemporâneas, no contexto português. A sua linha curatorial privilegia abordagens autorais que se demarcam das escolas mais clássicas de produção da imagem e arrisca modos de ver com uma visão interdisciplinar. O seu foco curatorial conjuga a apresentação de fotógrafos reconhecidos, mas alheios ao contexto nacional, com a descoberta e promoção de talentos emergentes.

Veredas

Veredas é o projeto a solo de David Silva, com passado ligado ao anarco punk, atravessando os caminhos duma procura de sons não hierárquicos. Quanto ao dj set, pode ser algo como de Nurse with wound dançando com Simon diaz.

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