A jornada criativa da artista Sofia Pratas Morais é marcada por uma busca incessante dum lugar que jamais é alcançado ou encontrado, um espaço que reside na intersecção entre o sonho e a ficção.
Desde o início da sua trajetória, Sofia depara-se com a necessidade de explorar os limites do consciente e do inconsciente. Neste sentido, a sua pesquisa não é apenas um meio de expressão, mas também um veículo de exploração interior.
Ao longo do seu trabalho, desenvolve uma série de obras que parecem emergir de um estado onírico, onde a realidade é moldada conforme os caprichos de uma mente que flutua entre o real e o imaginário. Nestes trabalhos, elementos concretos misturam-se com paisagens surreais, e figuras familiares transformam-se em símbolos de um desejo inatingível. Esta mistura deliberada cria uma sensação de deslocamento, de que algo está sempre fora de alcance, sempre além do horizonte próximo. Um aspecto crucial para compreender o universo artístico de Sofia Pratas Morais é a presença de uma peça sonora latente, que complementa a sua criação visual da autoria de Veredas.
A música, com as suas nuances e ritmos, intensifica a experiência da busca, trazendo uma dimensão auditiva que enriquece a interpretação do público. A peça sonora ecoa o mesmo sentido de incerteza e desejo que caracteriza a sua obra visual, reforçando a ideia de que o lugar que Sofia busca é, simultaneamente, presente e ausente.
A ficção, então, torna-se o palco para esta busca incessante. Através de narrativas visuais e textuais, a artista constrói mundos que, embora fictícios, ressoam com uma autenticidade emocional que desafia a distinção entre o real e o imaginário. Esses mundos são povoados por fragmentos de memórias, sonhos desfeitos e esperanças por vir, cada um contribuindo para a construção de um lugar que é, paradoxalmente, familiar e desconhecido.
Contudo, o que se destaca na sua obra é a frustração intrínseca dessa busca. Cada tentativa de encontrar aquele lugar ideal resulta numa descoberta de que o mesmo não existe senão como uma projeção dos seus próprios anseios e medos. Sofia, portanto, nunca o alcança, pois o que ela procura não é um lugar concreto, mas um reflexo da sua própria subjetividade.
Assim, a trajetória de Sofia pode ser vista como uma metáfora da condição humana, uma ilustração da busca incessante por algo além de nós mesmos, algo que não pode ser definido, capturado ou mantido. A sua obra, enriquecida pelo drone da peça sonora, convida-nos a refletir sobre a natureza da busca, sobre o que significa perseguir um sonho que nunca pode ser concretizado.