Poucos como Brian Leeds têm sido capazes de deconstruir a alma e a morfologia da electrónica tal como a (re)conhecemos. Numa populosa e sempre emergente fauna de produtores dispostos a fazer avançar a música contemporânea noutros quadrantes, o norte-americano já alcançou uma admiração profunda por quem segue essa senda. Ao longo de uma década demonstrou caminhos oblíquos possíveis para entender, escutar e desenvolver a música de dança – em sentido propositadamente vago. Colonial Patterns foi a primeira instalação enquanto Huerco S. Um labirinto sonoro em que os ecos do techno coabitam numa colagem sonora de estática, reverb e memórias distantes. A bravura de uma estreia com este calibre dava desde logo a noção de que Leeds sabia ao que ia.
Três anos depois, For Those Of You Have Never (And Also Those Who Have) caiu-nos nas mãos como vindo de outro mundo. Um genuíno opus ainda a carecer de mapeamento. Praticamente beatless, embora pulsante como uma entidade com vida própria, arranha a superfície da música ambiental até sentir a rugosidade omnipresente nos seus discos. Pendant, Loidis e Royal Crown of Sweden são outros heterónimos que paralelamente Leeds assina uma extensa e impressionante obra ainda em escrita.
A terceira e nova vida de Huerco S. volta a levar-nos para terra incógnita. Plonk é um exoplaneta habitado por percussões metálicas e sintetizadores derretidos num fluxo inesgotável de possibilidades. O seu olhar abstracto continua a descobrir o menos óbvio como motor para as mutações rítmicas e melódicas que se acomodam num estado de pura arquitectura sónica.
O regresso deste patrão à ZDB é um momento alto e essencial pela oportunidade de apanhar um dos exemplos mais brilhantes da música que urge ser escutada neste instante. NA