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Iceboy Violet ⟡ NICØ

sex13.01.2322:00
Galeria Zé dos Bois


Iceboy Violet
NICØ

Iceboy Violet

Alma volátil na sempre fervilhante música urbana inglesa, Iceboy Violet faz da subversão um exercício de criatividade constante. Enquanto adolescente tinha em J Dilla ou Madlib pontos cardeais numa incursão sonora que logo tomou dimensões mais bastardas. Os encontros com a riqueza textural do noise e a fúria crua do grime alinharam os astros em direção a uma redescoberta de si – e no que poderia aportar nesta almejada viagem. Soube, acima de tudo, encontrar um complexo balanço entre essa entrega de confronto e eletricidade com um tom profundamente confessional. Por diversas razões, não será um rapper habitual; no entanto, cospe-nos poemas de rua de quem encontra nas margens e nos becos alguma luz benigna no meio de um nevoeiro espesso de incerteza.

Quando em 2018 edita MOOK, muita dessa visão desconcertante e fragmentária é materializada como há muito não se escutava. Uma brilhante cacofonia sonora e emocional – porque um e outro sempre estão aqui lado a lado – que gritava e suava urgência. Despojado, sem dúvida, porém sem pruridos em demonstrar igual nível de fragilidade – human, afterall. O valor desta personalidade não passou despercebida e logo Violet foi convidado a participar em discos celebrados de Loraine James, aya, Eartheater ou Safety Trance. Em cada colaboração demonstrou novas e diferentes expressões, como que a uma reinvenção ou mutação em tempo real. E que melhores tempos, que estes atuais, para tamanhas façanhas?

The Vanity Project condensou esta teia de pensamentos e inquietudes numa aventura colectiva entre Violet e uma comunidade com quem partilha coração e consciência. Uma escolha de título naturalmente irónica em que uma vez mais reverte a lógica do imediatismo. Slikback, Space Afrika, Blackhaine ou Nick Leon são alguns dos tropas chamados a este motim celebratório e de alucinação coletiva. Mais que um disco, uma pujante afirmação de intenções. Contra a normativa binária, as manhas da indústria discográfica ou as armadilhas que, de uma forma ou de outra, a sociedade de hoje bafeja no pescoço de cada um de nós.

Concerto estreia por cá, para entrar em 2023 de cabeça erguida. NA

NICØ

Investido numa constante procura por novas texturas e padrões sonoros, NICØ encontra conforto na fragilidade do improviso e na efemeridade das patches. Acompanhado de um sintetizador modular em constante mutação desde 2020, os seus livesets oscilam entre as frequências do IDM, glitch, ambient, hyperpop – mas também pelos ritmos frenéticos do drum&bass e do jungle. Através da amálgama de processos variados de composição, NICØ apresenta algumas das suas faixas produzidas metodicamente, enquanto abre espaço para a improvisação e se deixa levar pelas nuances da espontaneidade.

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