A guitarra, a métrica, a rima e o canto; os mesmos dispositivos composicionais com que Alexandre Rendeiro vem construindo o seu projecto anglo-saxónico Alek Rein, desta vez dedicados a celebrar esta margem do Atlântico e submetidos à gramática e ao vocabulário do quotidiano lisboeta. Nesta inédita colecção de canções a ser apresentada no aquário da ZDB, a contemporaneidade do discurso é interrompida por reminiscências do PREC ou dos velhos anarquistas da CGT, mas o nome Oriano é usado aqui como ortónimo em oposição ao carácter heteronímico do songwriter de Mirror Lane. Como tal, trejeitos em honra dos cantautores de resistência dos anos 1970 não devem ser vistos como sinais de soberba artística; são antes meras expressões das vontades da sua geração, a mesma que preenche os recibos verdes que dão o compasso à sua vida precária enquanto sonha com a Comuna de Arroios e a sociedade de autogestão generalizada.