Anna Bella Geiger (Rio de Janeiro, 1933) é uma artista pioneira no cenário brasileiro, com uma obra de caráter verdadeiramente inovador e experimental, que cruza dimensões e simbologias de ordens política e pessoal, corporal e conceitual, formal e estética. Geiger foi uma das primeiras artistas a ter engajamento com a arte abstrata no Brasil e, desde os anos 1970, com vídeo, arte conceitual e arte postal. Como refere o curador Bernardo Mosqueira: “No começo dos anos 70, Anna Bella Geiger passou a exercer atividades pedagógicas ligadas ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Suas aulas se tornaram cada vez mais experimentais até que Anna Bella, com base numa pesquisa sobre o simbólico a partir da leitura obsessiva de Jung e Mircea Eliade, decidiu propor a seus alunos uma investigação sobre a ideia de Centro utilizando apenas terra, a superfície da Terra e os instrumentos (como pás, ancinhos, enxadas, cordas e vassouras) que levariam consigo para a deserta beira da Lagoa de Marapendi, longe da repressão dos militares, na então quase inabitada Zona Oeste carioca. O experimento foi objeto de registros fotográficos e resultou em exposições audio-visuais em que se associava o uso de projetores de slide a equipamentos de som. A relação espiritual e ecológica com a natureza característica desses experimentos tornou o próprio mundo o suporte da arte produzida por Anna. O resultado dessas práticas apontou para a expansão infinita das possibilidades da ação criativa, mas, por isso, também para sua própria exaustão. Isso fez com que Anna ficasse algum tempo sem produzir, se dedicando exclusivamente à atividade intelectual e educativa”.