Quais são as condições mínimas?
—Um grupo de pessoas
—uma duração
—um espaço
—e o mínimo de protocolo
A ZDB convida a Escola Provisória Para Nada a ir a Marvila “aprender a mentir” como pretexto para o lançamento do livro, uma publicação que pensa com outros esta escola, escolas próprias, possíveis e impossíveis. Convidámos por isso artistas que constam neste volume a criar instalações, concertos, performances e improvisações em modo maratona/happening—Alexandre Balgiu, Pedro Barateiro, Sara Graça, João dos Santos Martins, Cracked Bolos, Tomás Cunha Ferreira, Maki Suzuki & Lppl, João Polido, Sara Vaz & Marco Balesteros, com contribuições dos alunos Elsa Baslé, Beatriz Baião, Chloé Gourvennec, Calvin Kudufia, Frederico Teixeira, Moritz Schöttmueller, Márcia Mendonça, Leyre Léon.
Aprender a mentir é uma forma de habilidade que a epistemologia da falácia exige. O livro, por sua vez, cristaliza realidades impossíveis nas quais se depositam crenças. Estamos a ludibriar, mas a pergunta persiste: estamos a dissimular conhecimento, ou, pelo contrário, estamos a reconhecer o valor da ignorância? Neste intrincado jogo de enganos, associamo-nos a amigos que partilham as mesmas ficções, ou melhor, as mesmas mentiras. Juntos, lançamo-nos para uma p(o)edagogia do abismo, que não se foca no que já se sabe, mas sim no que se intui e se vai construindo.
Paul Feyerabend disse: ‘A história da ciência, afinal, não se resume apenas a factos e conclusões retiradas de factos. Ela também contém ideias, interpretações dos factos, problemas criados por interpretações conflituosas, erros e assim por diante. […] Sendo esse o caso, a história da ciência será tão complexa, caótica, cheia de erros e cativante quanto as ideias que ela contém, e essas ideias, por sua vez, serão tão complexas, caóticas, cheias de erros e cativantes quanto as mentes daqueles que as inventaram.’
Escola Provisória Para Nada pretende pensar a escola, não como instituição mas como fundação, princípio primordial para a ação, para uma visão do mundo, para um viver em conjunto, como construção social ampla. A escola que imaginamos é uma escola de reforma, um lugar de revolução, de resistência, de participação, um exercício provisório, não eficaz, em transição, não fixo, para nada, não produtivo e de uso criativo do lazer através da prática artística e performativa. Uma escola que contrapõe o No-How ao Know-how instituído.