Programa de última hora!
Por motivos de força maior este espectáculo não poderá ser apresentado no Teatro da Politécnica tal como estava previsto. O NEGÓCIO acolhe-o nas mesmas datas.

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PEÇA DO CORAÇÃO é um projecto que Mariana Tengner Barros pretende desenvolver para sempre. O objectivo é recriar ciclicamente (até ao fim da sua carreira, curta ou longa) o conceito inicial do projecto nascido em 2008, que explora as dinâmicas de solo e coro, e as múltiplas relações entre a singularidade e a pluralidade, assim como o termo vasto e polissémico de “coração”, desde a sua encenação iconográfica para a representação da paixão e do amor à sua função vital – de bomba do corpo.

Em 2012, PEÇA DO CORAÇÃO – FOR HIM A NEW FRAGRANCE BY MARIANA TENGNER BARROS, descentrada da necessidade autobiográfica da versão anterior, entrega-se à presença de intérpretes exclusivamente masculinos, e reinventa a sua expressão através de Cláudio Vieira, John Romão e Tiago Cadete.

“O termo fragrância surge da vontade de pensar o modo como os afectos são mercantilizados, isto é, como o amor se fossiliza em mercadoria promovida em saldos.

Se o amor é cego, porque não vê nada através dos olhos do poder, não esperemos que este venha a julgar ou governar, pois ignora as relações de troca: basta-se a si mesmo, como cornucópia sexual da abundância.

Todavia, a mística da vida desapareceu, apenas restou a sua ausência, nem há motivos para a viver, apenas as razões sufocantes do imperialismo mercante que nos cerca. A realidade da vontade de viver não está de acordo com estes amores que vendem perfumes, nem em sintonia com a eficácia da transacção do desejo através de outras formas sofisticadas e artificiais, que se podem comprar e possuir, e que nascem do remoque fabril. Mariana procura esta paisagem psicossomática, que constantemente se modifica de acordo com a colisão entre os desejos do coração e as suas falsificações, e que reflectem, através de todos os órgãos do corpo, os ecos de castração comercial.

For Him procura o aroma iníquo deste tempo em que as dívidas são reclamadas e devem ser pagas, em que os direitos são mutuamente acordados como obrigações a pagar juros, e em que a troca de beijos encontra paralelos com a troca de presentes, por aqueles que sentem a paixão a definhar. Esta é a fragrância do tempo em que o amor se queixa de ter gasto todos os seus recursos, enquanto lamenta elaborar declaração de falência, a paixão naufraga, o afecto declina em negócio e a amizade em denúncia”.