Com uma carreira distinta que tem palmilhado terreno muito seu entre o jazz, a improvisação e a composição, a alemã Ingrid Laubrock insere-se numa espécie de acerto simbiótico com o trabalho expansivo de músicos como Anthony Braxton ou Tyshwan Sorey – com os quais colaborou, claro – na medida em que para além das marcadas virtudes ao instrumento, tem extravasado a sua linguagem para além deste, assumindo corajosamente a composição como um acto natural e contínuo para a sua expressão. ‘Vogelfrei’, peça magnânima para orquestra, solistas e e coro, incuída em ‘Contemporary Chaos Practices’ de 2018 é afirmação maior dessa mesma vontade, nunca encarada como o coroar de um corpo de obra – até porque este está ainda e sempre em construção – mas como mais um passo decisivo. Saxofonista com particular apreço pelo tenor, Laubrock vem desde os meados da década de 90 a gravar com regularidade, quer como líder quer em registo colaborativo, tocando em diversas formações com artistas como Mary Halvorson, Peter Evans ou Tom Rainey, deixando rasto luminoso do seu sopro, pleno de rigor mas aberto a soluções igualmente intuitivas e feéricas, em inúmeras edições, particularmente através da Intakt, e aparições sempre com muito para dizer. BS