Os desenhos da Sara distinguem-se imediatamente pelo traço singular, que, por si só, carrega uma caligrafia intrinsecamente ligada à sua mão. A sua obra manifesta-se na forma como organiza imageticamente as composições, construindo narrativas visuais onde os planos se cruzam e desconstroem qualquer referência de espacialidade pictórica. Estes desenhos são habitados por formas simultaneamente reconhecíveis e irreconhecíveis: dir-se-ão desenhos figurativos, reveladores de figuras ou formas que, ainda que desconhecidas, nos parecem estranhamente familiares. Os seus desenhos desafiam as convenções da narrativa pictórica e esta exposição reflete essa abordagem na sua própria estrutura expositiva.
Puxaram-me o tapete é uma exposição que se estende pelo chão como tapetes domésticos. No entanto, algo inusitado acontece: puxaram o tapete. O desfecho da exposição dá-se quando o último desenho “foge” para o teto, subvertendo a expectativa e materializando a traição da lógica expositiva – o “tapete” desaparece debaixo dos pés e desloca-se para um lugar inesperado.