E quase sem darmos conta disso passou já mais de uma década desde que o “puto” Gabriel Ferrandini nos impressionou a todos com a sua vitalidade e fogo à bateria. Entretanto, tem dado todos os passos certos e tem sido lindo acompanhar a ascensão segura e confiante até aos dias de hoje, em que já não é propriamente o puto incrível mas um dos músicos mais essenciais na cidade, e por todo o lado. Ofício de exploração e redescoberta constantes, com momentos tão marcantes como o solo ‘Tudo Bumbo’ no Maria Matos, a sua residência aqui na Z com ‘Volúpia das Cinzas’ – a ter edição em breve – ou mais recentemente a apresentação de ‘Rosa.Espinho.Dureza’ na BoCA Bienal, para além de toda a rede de colaborações e labuta em grupos como RED Trio, Peter Gabriel Duo ou o Motion Trio. Tanto.
Portanto, e a ter que existir um puto nesta noite será mesmo Ricardo Toscano. Valor já muito seguro nos meandros do jazz do burgo, também ele prodigioso desde muito cedo, quando se revelou no saxofone com um sopro informado pelos mestres certos – de Johnny Hodges a Ornette Coleman, com Coltrane claro – mas em busca de uma linguagem sua. Cada vez mais próximo nesse work in progress eterno, tem tocado com alguns nomes notáveis do jazz nacional como Carlos Barreto, André Fernandes ou Alexandre Frazão, e deu passo de afirmação bem convicto com o lançamento do álbum de estreia do seu quarteto pela sempre presente Clean Feed. Dois músicos em constante ebulição criativa, cada um na sua, mas a encontrarem aqui um chão comum. Vai valer. BS
