ZDB

Música
Concertos

Dj Marfox ⟡ Fantasia ⟡ Lobster ⟡ Maria Reis ⟡ White Magic

sáb26.10.2421:00
Galeria Zé dos Bois


Lobster ©Vera Marmelo
DJ Marfox ©Marta Pina
Maria Reis ©Beatriz Blasi
White Magic ©Cayal Unger
Fantasia
poster ©John Ryan

Assente na trajectória de celebrações do trigésimo aniversário da ZDB, acolhemos uma noite que reportando ao passado desta casa, não só celebra o seu legado, como recontextualiza a sua pertinência no presente e, acto contínuo, aponta sempre para possíveis futuros. Programador da ZDB no período entre 2003 e 2006, ao lado de Pedro Gomes, Nélson Gomes viria a continuar essa visão conjunta com a formação da editora Príncipe em conluio com Zé Moura e Márcio Matos, essencial na disseminação da música de dança daqui feita nas periferias, e da promotora e agência Filho Único, cujo trabalho ao longo deste tempo não só tem sido vital para a tessitura cultural desta cidade, como tem também criado uma forte rede de alianças que a liga umbilicalmente a esse processo de descoberta nos tempos do Aquário. Estágio que veio a fincar uma personalidade mui própria à ZDB, marcado pela coragem em sondar cantos recônditos das músicas mais fora e lampejar nomes hoje sobejamente reconhecidos antes do facto, e que tem vindo a ser reflectido com outras visões mas igual propriedade nestes anos consequentes. Carta branca, mais do que óbvia, portanto, a Nélson Gomes para a escolha de assunto desta noite de celebração, com um line up que ao invocar essa memória lhe dá vida no presente. BS

Lobster

Regresso tão surpreendente quanto esfuziante daquele que foi, durante a sua primeira existência, o mais celebrado power duo a operar por aqui. Formados por Guilherme Canhão na guitarra e Ricardo Martins na bateria, deixaram bem vincadas memórias de concertos lendários, onde o alto volume e um ataque furioso aos sentidos se revestia de um sentido de comunhão colectiva, nunca hostil. Na simbiose entre os riffs e melodias esquinadas e electrificadas de Canhão e a bateria espasmódica de Martins, o estrépito do hardcore, do rock e do noise era continuamente celebrado numa música tão expansiva quanto memorável, do mosh-pit à dança, deixando pelo caminho petardos-hino como ‘Farewell Chewbacca’ ou ‘Hot Flamingos’. Mas ao invés do mero revisionismo da matéria dada, Lobster regressam com olhos no futuro, num momento em que preparam um novo álbum, e num acto que será nas palavras de Martins para “suar e rir juntos”. Como dantes, como sempre. Keep it Brutal! BS

White Magic

Nave de Mira Billotte, artista actualmente sediada em Los Angeles e cujo ofício de magia está íntima e espiritualmente ligado ao trabalho de programação levado a cabo por Nélson e Pedro Gomes na ZDB circa 2006. Não tendo sido presença no espaço nessa altura, White Magic inseria-se numa espécie de comunidade livre de pontos geográficos ou taxonomias de género para onde acorriam músicas feitas nas margens, em exploração, capaz de albergar a tradição folk e blues, o improviso, psicadelismo, formas bastardas de rock ou músicas de transe sob um mesmo espírito libertador: NNCK, Sunburned Hand of the Man, Gang Gang Dance ou Fursaxa foram alguns desses nomes trazidos ao Aquário. Há assim um alinhamento espiritual entre esse passado e esta materialização, sempre pertinente, de White Magic neste palco: canções hipnóticas, tão devedoras da lanzeira da West Coast como do cancioneiro folk mais rural, pairando num limiar de estranheza acolhedor, e que tem em ‘Dat Rosa Mel Apibus’, lançado em 2006 pela Drag City, um clássico ainda a ser devidamente resgatado. BS

Maria Reis

Dona e senhora das canções da vida de muita gente deste país, Maria Reis regressa à ZDB a solo enquanto o fascínio e emoção por ‘Suspiro…’ estão ainda bem, bem longe de se esgotar. Sem querer entrar pelo discurso cansado da maturidade, mas reconhecendo alguma inevitabilidade não-fatalista nisso – e é verdade que estamos todas a envelhecer com a Maria -, ‘Suspiro…’ trouxe uma certa calma e ponderação na forma de fazer as coisas que em nada traiu a urgência que palpita sempre das suas canções. E estas, como ‘T-Shirt’ ou ‘Estagnação’, são já cantadas em uníssono por onde quer que actue. BS

DJ Marfox

Inaugurando o catálogo da Príncipe em 2011 com o manifesto ‘Eu Sei Quem Sou’, Marfox está intimamente ligado à Filho Único nem que fosse pela associação desta à editora lisboeta. Figura de proa da batida nascidas nos subúrbios desta capital, Marfox é hoje referência absoluta para inúmeras almas que viram no seu espírito de descoberta, visão e resistência face a possíveis adversidades um exemplo de perseverança e ambição benigna. Mestre absoluto a comandar a pista, apresenta-se aqui para um dj set passados oito anos desde a edição de ‘Chapa Quente’. Demasiado tempo. Mas tudo a seu tempo. A ver se descortinamos feras novas no fluxo. BS

Fantasia

Alias de Nélson Gomes, o congeminador desta noite de celebração. A ter aqui também o seu espaço para revelar nos decks todo o seu conhecimento e entusiasmo pela descoberta e pela partilha. BS

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