As produções de Sisso & Maiko sintetizam o cenário hiperlocal de Singeli, destilando a vitalidade e a luta da vida na periferia da cidade mais populosa do mundo de língua suaíli, numa música única que parece reflectir a ideia de manter a cabeça fria em situações frenéticas. Entre os seus ritmos de catraca e as suas melodias pitched-up, há uma tensão sublime e não resolvida em jogo, em que a música parece acelerar tão depressa que os dançarinos deslizam, sustentando um efeito “up” sem fôlego que recorda de forma estranha o happy hardcore britânico de meados dos anos 90, tanto como o footwork de Chicago, a Soca das Caraíbas e a disco de Shangaan, mas com um apelo psicotomimético muito próprio.
Nascido nos bairros da classe trabalhadora de Tandale e Manzese, o som característico de Singeli consiste em loops frenéticos de ritmo acelerado que se entrelaçam uns com os outros, com influências da música Tarab de Zanzibar até à afro-house sul-africana, juntamente com mc’s que frequentemente proferem letras satíricas sobre os desafios que a juventude da Tanzânia enfrenta, desde a corrupção policial até às complicações de namorar raparigas quando se está falido. Se há um estúdio que se destaca entre as centenas que pontilham a paisagem musical de Dar es Salaam é a SISSO RECORDS. Centrada em torno dos produtores Bwax, Sisso, Bampa Pana e Jay Mitta e dos MCs Dogo Niga, Kadilida, Anti Vairas e Makavelli, foi pioneira do som Singeli.