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Endless Boogie

ter26.09.1722:00
Galeria Zé dos Bois


Endless Boogie

A bem da geografia musical do rock, onde situar os nova-iorquinos Endless Boogie? No blues, no stoner, no hard? Num suposto kraut southern rock, como há quatro anos sugeriram os próprios? Ora, o inusitado charme da banda que, liderada por Paul Major, anda a fazer música desde 1997, dispensa o auxílio das categorias. Dito de outra maneira, quando se trata de identificar aquilo que os Endless Boogie fazem, elas são sempre insuficientes, quando não inúteis. No último instante, este quarteto, que teve em Stephen Malkmus um improvável padrinho, puxa-nos o tapete debaixo dos pés, traz a dúvida ou a incerteza na sua mais prazenteira acepção. Afinal, como classificar aquilo que aponta às tripas e ao coração?

Diante dos Endlesse Boogie, o melhor a fazer é experimentar o gozo das canções, a volúpia que os riffs despertam, colher a alegria dos solos, receber o groove dos acordes e dos ritmos. Paul Major e os seus parceiros (um dos quais é o grande Matt Sweeney) são mestres do rock e generosos no modo como no-lo transmitem. Ponham os ouvidos no álbum mais recente, Vibe Killer (editado pela No Quarter). Há ecos beefheartianos, muito southern boogie contaminado pela inteligência do melhor indie-rock dos anos 80 (em “High Drag, Hard Doin’” e no magnífico e autobiográfico “Back In ’74” com direito a spoken-word) e um convite para dançar endereçado pelo piano e o wah-wah em “Bishops At Large”. Aqui a paisagem não se altera. É a do rock, de uma cultura americana com as suas imagens, as suas histórias, os seus legados e testamentos. É ela que anima os Endless Boogie e que anima os seus cultores. E que resplandece, indomável e sempre rejuvenescida, em “Trash Dog”, canção na qual participam, num coro invisível, os The Groundhogs, os Coloured Balls e os Kyuss. Eternamente, antes, depois e durante este concerto. JM

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