Presença assídua em muitas das paragens de verdadeiro interesse e revelação nas músicas do jazz, da improvisação, da liberdade, Hernâni Faustino partiu – no baixo eléctrico – do rock mais disruptivo ainda na década de 80 com os K4 Quadrado Azul para abraçar o contrabaixo e daí se espraiar numa multiplicidade de formações e colaborações que são retrato fiel de muita movida vital nestes meandros. Portanto, esperou mais de 30 anos e muita, muita cavalagem acumulada para se estrear a solo. Disco revelador dessa mesma calma, Twelve Bass Tunes não explode com uma urgência nem procura disromper com qualquer tradição. É como se atenta na singeleza do seu título, um álbum de 12 temas, captados com toda a transparência e luz por Joaquim Monte e com produção de Sei Miguel, que revelam todo o lirismo e expressão do seu contrabaixo. Disco respirado, capaz de alinhar momentos de beleza e inquietação num mesmo contínuo, Twelve Bass Tunes tanto se deixa levar num ataque mais cerrado do arco como abre espaço ao silêncio para este se afirmar. Trabalho de quem não tem já nada a provar – a não ser a si mesmo – mas recusa terminantemente o torpor que daí pode resultar, Twelve Bass Tunes é, para já, um espelho bem bonito da linguagem de Faustino. BS